Em
meados dos anos noventa, a mídia relatava com certa regularidade histórias
sobre uma estranha criatura, que atacava criações de cabras e vacas no Brasil e
outros países da América Latina. Segundo os relatos, a misteriosa criatura assaltava
os animais chupando todo seu sangue, e deixava apenas pequenos orifícios, similares
a lesões feitas com um laser. Apesar do ataque, nenhum sinal de sangue era
encontrado no animal ou fora dele, deixando claro que não se tratava de um
predador conhecido pelo homem. Por isso, logo esse possível monstro recebeu o
nome genérico de chupa-cabras e, ainda hoje, volta e meia a mídia divulga algum
caso muito semelhante envolvendo terrível criatura.
Era
final da década de noventa, não me recordo o ano exato, quando algo sinistro aconteceu
na nossa vizinhança, mais exatamente na casa quase em frente a nossa. Em uma
manhã de terça-feira, a vizinha começou a contar desesperadamente para todos vizinhos,
que por ventura aparecessem na rua, sobre um acontecimento macabro em seu
quintal. Segundo ela, já muito tarde da noite anterior, ouviu um ruído de galinhas
em completo desespero, vindo do galinheiro que mantinha atrás de sua casa. Ela
achou a movimentação estranha, pois o galinheiro sempre dormia fechado com
cadeado, a fim de impedir o roubo dos animais, e mesmo a entrada de possíveis
predadores, como o simpático timbu (esclareço ao leitor, não pernambucano, que
timbu trata-se de uma espécie de gambá, Didelphis
albiventris). Logo, essa vizinha abriu a porta da cozinha e foi verificar
que tamanha gritaria era aquela em seu galinheiro. Foi então que, nas palavras
dela, essa vizinha viu, a menos de três metros, um bicho dificilmente desse
mundo, meio parecido com um leão grande e branco. O bicho havia derrubado a
porta do galinheiro, já havia atacado e matado algumas galinhas, mas, com a aproximação
da mulher, ele saiu do galinheiro e ficou parado, em meio a um mato alto, no
fundo do terreno, a lhe observar com olhos grandes e vermelhos. Ainda segundo seu
relato, a vizinha jogou uma pedra no bicho, fazendo com que seus pelos ficassem
ainda mais eriçados. O bicho, que não parecia intimidado, rosnou alto e forte para
a mulher, que também não se intimidou com aquele felino albino do além,
voltando a procurar uma pedra no chão, dessa vez ainda maior, e a jogá-la
novamente contra o bicho que, dessa vez, correu para bem longe em grande desespero.
Naquela
manhã, ao relatar a história, a vizinha aproveitava para mostrar aos curiosos os
corpos mortos de suas galinhas, com dois orifícios no pescoço ou peito, e sem qualquer
vestígio de sangue. Tamanha foi a repercussão da história no bairro e municípios
vizinhos, que duas equipes de reportagem foram até o local entrevistá-la, em
busca de informações sobre o suposto chupa galinhas, um possível primo do já
famoso chupa cabras das Antilhas. Depois desse episódio, ocorreram mais alguns
relatos de supostos avistamentos do mesmo bicho, perambulando pelo bairro. E
ainda houve outro vizinho, de uma casa da esquina, que disse ter ficado de
tocaia por várias noites seguidas, tendo atirado e sangrado a criatura, que sumiu
no mato e nunca mais foi vista.
Alguns meses se
passaram até que, na mesma casa do acontecido, dessa vez a nora desta vizinha,
disse ter acordado de madrugada ouvindo os cachorros latindo e acuando alguma
coisa na rua. Ela olhou pela brechinha da janela e, tamanha foi sua surpresa,
ao perceber que havia um animal parecido com um cachorro grande, porém repleto
de grandes espinhos. Ele confrontava os cachorros, que pareciam temê-lo, embora
continuassem a latir. Ela fechou a fresta da janela e ficou quieta até que os
cachorros se acalmaram e, o bicho, provavelmente foi embora. Desde então, o
relatos sobre essa possível criatura, que vagava à noite nas ruas do bairro, não
foram mais ouvidos.
--->> Veja AQUI depoimento da vizinha!
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